Já falei aqui outra vez sobre o que eu penso da sorte. Aliás, mais de uma vez.
Passei a ver a sorte e a aleatoriedade na vida com outros olhos. E recentemente vi uma fala do Tiago Leifert que reforçou o que eu penso.
Ele falava sobre o fato de sua filha, ser tão pequenina e estar enfrentando uma grave doença.
Como uma forma de conforto e para buscar alguma causalidade para este fato, muitas pessoas diziam que eles tinham uma missão. Que era para ser, que estava escrito, ou que alguma razão havia para tudo isso.
Sim, essa é a nossa primeira tendência.
A resposta do Tiago para isso foi a mais lógica e racional possível.
Ele disse que não é uma pessoa especial. É como qualquer outra pessoa que tem um percentual de chance de ser afetado por algo mal, assim como muitas outras pessoas.
A estatística pegou a sua família. E por que não pegaria?
Ele até relembrou de como a sua vida é ótima. E como nunca sofrera algo terrível antes.
Por que ele teria de ser poupado pela probabilidade de algo ruím lhe atingir?
E essa racionalidade foi o que o fez encarar de frente o problema, sem vitimismo.
E mais! Mesmo que, se por um lado ele tenha tido muito azar, por outro ele teve muitíssima sorte, por ser quem é, ter as melhores condições para tratar a doença da filha, conseguir diagnosticar rapidamente e ainda ter notoriedade para falar sobre este tema de modo que ajude outras famílias no diagnóstico também.
Questionado sobre a sua fé, ele diz que foi aí que se agarrou mais a ela para lidar com a situação, dando um passo de cada vez, com a paciência necessária para acompanhar cada etapa.
É uma grande lição de ver o copo meio cheio, de não buscar uma causa ou um castigo, mas sim entender que estamos todos sujeitos ao acaso. O que vai fazer a diferença é a nossa fé para lidar com os percalços, com esperança e coragem.
Foto de capa: Yousef Espanioly
