O preço da simpatia é alto demais. Auto demais.
Vale à pena estar em desalinhamento consigo por algo potencialmente maior, por uma promessa, algo que é virtualmente melhor?
Tenho lá as minhas dúvidas. (Porque na vida eu só tenho certeza de que ideia em Português do Brasil não tem acento.)
Já deixei clientes por muito pouco, já recusei trabalhos por não estarem alinhados com os propósitos, por sentir que algo não cheirava bem ou por perceber que havia inconsistências entre a fala e a atitude, mesmo sem entender direito qual seria o cheiro ideal.
Não faço média por almejar algo, nem aceito certos comportamentos por achar que tal pessoa pode me ajudar na carreira, ou que pode me apresentar a pessoas ou ser ponte para uma oportunidade, ou seja lá o que possa ser.
Não vou paparicar para ficar ‘bem na fita’. Posso deixar de discutir ou de criticar. Posso escolher ficar em silêncio. Mas só por achar que não vale à pena. Para me economizar.
Mesmo quando quero dar um sorrizinho para disfarçar, acaba saindo daquele jeito… meio… amarelo.
Acho tão lindo ter critérios, coerência, ter coragem de dizer não ou não gostei disso ou não vou fazer isso. O não é tão… LINDO!
Ter coragem de não simular, de colocar as cartas na mesa. (Embora eu não tenha facilidade de me colocar em frente de tal mesa, ou de saber qual mesa vale à pena jogar minhas cartas.)
Eu acho que esse negócio de sorrisos plásticos não deve convencer a plateia por muito tempo, nem gerar bons dividendos. Uma hora, em algum momento, em alguma parte da história, a simpatia vai cobrar o seu preço. E o preço da simpatia é bem alto. Auto demais.
Foto: Madison Oren