Eu sei observar e perceber a dinâmica. Tenho espelho, tenho lupa e bússolas também para as emergências.
Não sou dramática, pois embora a vida não seja um mero poema, também está longe de ser uma catástrofe.
Tudo está posto. É só uma questão de observação. Afinal, o ser humano é muito previsível e a linguagem corporal não é assim um tema tão complexo. Vamos deixando pistas por onde passamos. Vamos sendo filmados , fotografados. Será que vale a pena então esconder o sorriso?
Não acredito que devo convencer toda a plateia. Não faço planos que contradizem a minha opinião. Não abro mão de alguns preceitos.
Até mesmo por isso, acho que fui criando cascas. Apesar de fazer poesia, sou meio durona.
Apesar de chorar a toa, não tenho lá muito romantismo. Acabei percebendo que as coisas são como são, o mundo é injusto e não vai adiantar em nada ficar somente reclamando, resmungando ou criando rimas.
Deixar o romantismo de lado e ter uma visão lógica nos ajuda a ter domínio do queremos ou não sentir, sem colocar a responsabilidade em outra coisa. Já deu tempo de aprender que nada é tão especial quanto aparenta ser.
A transparência que me condena é a mesma que me permite ser coerente. A imprudência que me expõe é a mesma que me empurra para um passo além.
Eu não vim para agradar. Observar, talvez. Encarar os fatos como eles são. Desacelerar, contornar, acelerar de novo quando ‘der na louca’.
Vou aproveitar que o futuro está intacto e tentar novos recomeços. Por que, mesmo que publicamente eu faça autoafirmações, em silêncio tento realizar alguns ajustes. Quando não há ninguém me observando.
Foto: Bradley Dunn, Unsplash