Hoje, me vi em uma cena: atualizando a página do reality show A Fazenda com as imagens dos concorrentes.
Fez-me pensar quanto era inimaginável eu estar fazendo isso no dia 16 de setembro de 2021 em Portugal.
“Quem diria”, pensei rindo por dentro.
Isso logo me trouxe o sentimento de querer aparar as arestas comigo mesma. Nós, seres humanos, temos tendência de sermos coerentes com os nossos pensamentos e as nossas histórias. Possivelmente essa seja a explicação para eu estar escrevendo este texto.
Não que essa experiência recente que vivi seja ruim, mas também não que seja bom. Não cabe aqui um juízo de valor, o que posso dizer com toda a certeza é que é diferente, inusitado e, claro, inimaginável.
Pois bem… Voltemos para o ano de 2009, em Guaratinguetá, interior de São Paulo.
Era uma aula específica de Marketing em que ouvi uma frase da professora Thais Brandt: “Profissional de Marketing não pode ser preconceituoso. É preciso ter conhecimentos diversos, não se fechar somente dentro da sua área, mas se abrir para outras informações, buscar insights, referências.”
E ela não ficou somente na teoria, ensinou-nos a importância de se abster do preconceito por meio de uma atividade prática. Aplicou-nos um teste de conhecimentos atuais. Conhecimentos estes que não iriam se limitar ao mercado ou às mídias. Precisávamos estar preparados para o inusitado, para o que aparentemente não estava na nossa ‘bolha’. (Bom… ‘bolha’ ainda não era um termo usado, mas faz todo o sentido colocar aqui.)
No dia do teste, não ocorreu nada além do que ela havia nos alertado. Deparamo-nos com diversas questões sobre o cenário atual do país e do mundo. Mas uma questão em especial merece destaque: Quem foi o vencedor desta edição de A Fazenda?
Eu não acompanhei o programa, mas soube responder à pergunta com sucesso. Ponto para mim.
12 anos depois me lembro deste fato e rio por dentro: Um profissional de marketing não pode ser preconceituoso. Claro que não dá para relativizar tudo. Nesta mais de uma década como profissional de marketing, já deixei de fazer muitas coisas, de aceitar trabalhos, ou mesmo encerrar parcerias por questões de valores ou por não concordar com as ideias ou os serviços do cliente.
Mas existe um mar de possibilidades (que não ferem a minha ética e minha coerência) que se abrem quando você tem um olhar sem julgamento e tem em mente que pode fazer o seu melhor, seja onde for. Sim, abster de julgamento é bom, mas coerência é mesmo fundamental.