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Bolhas, bolhas, bolhas

Bolhas, bolhas, bolhas

Em que bolha vivemos? O que fica restrito ao nosso meio e o que ultrapassa? Quais os perigos de transportar temas a outras bolhas? O que se discute em outras bolhas que eu não sei?

Tenho constantemente acompanhado e lido assuntos diversos. Não que eu esteja profundamente mergulhada em muita coisa, mas há temas que vira e mexe estão no meu dia-a-dia. Vejo pessoas a favor e pessoas contra muitos assuntos. Há aqueles que debocham, os que apoiam e os que dizem que tudo isso é um grande mimimi. Estou em uma pequena bolha.

Não digo isso como uma autoproclamação de virtudes. “Ai que pessoa consciente ela é…” Longe disso! É um fato. Essa é a minha bolha. Não é melhor nem pior que outras bolhas. É que eu estive pensando sobre isso: nas diversas bolhas e a quantidade de certezas que elas enchem os nossos copos.

Sempre fui uma boa espectadora, não tenho muitas oportunidades para o debate. Observo, acompanho a repercussão, tento avaliar comigo o meu ponto de vista, mas sempre me mantenho ponderada, em cima do muro e percebendo os diversos pontos, os vieses, as narrativas. Não sou do embate, da discussão, não tenho intenção de convencer ninguém. Mas vejo como eu tenho sido moldada, ou mesmo enquadrada em certos pensamentos e discussões, que para mim já se tornaram comuns no meu silêncio.

A bolha alimenta tão bem aqueles que estão dentro dela que acaba que tudo que se pensa é a verdade. “Ora, se todos à minha volta estão dizendo que é desta forma, é porque é desta forma e pronto.”

E se em algum momento alguém disser algo diferente?

E se as frases saírem como se fossem algo de comum senso, mas de fato acabarem entrando na bolha errada? Certamente há um enorme risco de que as ideias sejam vistas como uma grande estupidez. “Eu nunca ouvi isso antes, não deve estar correto.”

É como se houvesse uma barreira de ideias. E, olha, tentar romper esta barreira não é para qualquer um. É preciso ter estômago e uma boa dose de argumentos e referências.

Onde eu quero chegar é no seguinte: se cada um de nós tem consciência de que está dentro de uma bolha que pode até se convergir em alguns pontos, mas se opõe em muitos outros, há algo muito simples a ser feito: deixar o portão ser aberto. Ou seja, quando ouvirmos um discurso muito estapafúrdio, de uma extrema ignorância; às vezes a única coisa que pode ser feita mesmo é ouvir. “Olha… é a primeira vez que eu vejo alguém dizendo isso.” E se a curiosidade chegar a bater em algum outro dia qualquer, por que não fazer uma pesquisa por essa opinião sem fundamento? Pode até ter a surpresa de encontrar outras pessoas dizendo a mesma coisa.

Em que bolha vivemos? O que fica restrito ao nosso meio e o que ultrapassa? Quais os perigos de transportar temas a outras bolhas? O que se discute em outras bolhas que eu não sei?

Eu não estou satisfeita com as respostas que tenho. E minha curiosidade não vai me deixar conviver com o primeiro resultado.

PS.: Não somos exatamente o que dizemos de nós. Mas o que dizemos de nós é uma projeção daquilo que queremos nos tornar.

Foto de capa: Jamie Street

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