Não sabem tudo. Estão longe de saber. (Como se fosse valer a pena…) Não conto o que não me perguntam, porque sou uma péssima propagandista de mim.
Não sabem. Então deduzem pelas migalhas que deixo. Interpretam errado, acham que o que têm de informação já é o suficiente.
Não vão saber se não perguntarem e enquanto não houver oportunidade. Não vão saber enquanto muitos outros alvos forem mais interessantes. Porque na verdade eles são.
Eu também não os conheço, nunca lhes fiz as perguntas certas, interpretei os rastros e as entrelinhas. Fui descobrindo pelo pouco que vi. Achei que era suficiente e não quis saber mais.
Julguei, sem ter todas as informações. Relevei, depois de um tempo, não me importei, ignorei, pensei que não precisava saber mais. Parei de ler o livro pela capa. E pode ser que houvesse algo de muito bom para além da página 15.
Entre o que eu gostaria de saber e o que eu gostaria que soubessem existe um mar que é difícil navegar. Na dúvida, ficar em silêncio, tentar interpretar e deixar a vida correr. Parece que não vai mudar muita coisa.
Não tenho lá grandes esperanças, além daquela história de que a memória guarda o melhor de tudo e de todos. Ou que nada disso vai, de fato, ficar guardado.
Foto: Siora Photography