O Google não entende de poesia. Não é artístico, nem conhece de símbolos.
O Google não gosta de anáfora. As repetições são permitidas por ele, contanto que seja na medida certa, nem mais nem menos.
Inclusive ele vai odiar este texto, pois certamente as minhas frases serão curtas demais e com uma grande repetição da palavra ‘Google’.
Os algorítmos já têm a fórmula pronta. Talvez porque são os ‘senhores da verdade’. Talvez, porque não querem dar o braço a torcer e admitir que são limitados em compreender o sentido real das palavras.
O Google não se dá bem com as figuras de linguagem, não sabe interpretar sinais, não consegue ler nas entrelinhas.
Os títulos para o Google são apenas caracteres, coisas das quais ele tem de lidar para oferecer uma lista de respostas que foram procuradas por um ser humano que, muitas vezes, não sabe exatamente o que quer encontrar.
O Google não entende de metáfora, de sentido figurado. Ele quer que o título do texto diga exatamente ao que se propõe a fazer. Ele é nada criativo.
O Google incentiva que a gente fale sobre os temas que todo mundo já está buscando, nos prendendo não necessariamente ao que queremos escrever, mas ao que devemos escrever.
Daí o ser humano passou a falar a língua do Google. Quem quer fazer uma pergunta, se não vai ao recurso de voz, limita-se a escrever apenas as palavras-chave. Simples!
O Senhor Engenheiro de Otimização vem para a auditoria. Se não cumprir os requisitos do chefe, sinal vermelho. Só mesmo seguindo as principais regras ‘sem sal sem açúcar’ para arrancar dele a tão almejada bolinha verde.
O Google quer ver as referências. De onde você tirou isso? Não foi sozinho da sua cabeça.
Para ele você tem mesmo de ser objetivo. Se o conteúdo for muito grande, tem de dar umas pausas para não cansar a leitura. Que tal umas imagens bonitas?
O Google não sabe distinguir uma alegoria e pode ficar assustado se deparar-se com uma hipérbole. O buscador de ideias não tem muita ideia do que passa aqui dentro, fora do mundinho que ele controla.
Não conhece de ritmos, estrofes, ênfases, drama, reflexão, inspiração… Tem mania de acreditar que existe a fórmula certa para passar uma mensagem.
Mas se há uma coisa que ele entende bem mais que as palavras são os números, impressões, cliques, CTR, CPC, CPA … Ah disso tudo ele entende bem.
Aí vem o dilema: Se para ter os números, eu preciso seguir as regras e se com muitos números, eu posso fugir da regra, qual linha de raciocínio seguir?
Devo render-me aos trends e aos tutoriais de como escrever o texto otimizadamente perfeito? Ou devo fortalecer as minhas reflexões e tentar imprimir para o maior número possível de pessoas pelo conteúdo?
Olha… Já ouvi dizer que o conteúdo é rei.
Será mesmo que em algum dia o Google vai curvar-se ao meu?
Foto: Kai Wenzel