Às vezes mais vale não ter muitas opções.
Mais vale escolher entre A e B, sim e não, preto e branco, tênis e sandália, vestido e calças. Isso economizaria um tempão da nossa vida.
Não ficaríamos horas para escolher um filme de 90 minutos na Netflix, não precisaríamos pagar o plano do Spotify. Aceitaríamos as limitações e teríamos de tomar decisões de maneira bem mais simples.
Se a vida nos desse menos alternativas, não extrapolaríamos a memória do celular. (Kim Kardashian teria de se contentar com a segunda foto e teria de parar por ali.)
Selecionaríamos as 36 poses para serem reveladas com a esperança de não queimar o filme.
Se a vida nos desse menos escolhas, teríamos menos dúvidas: sobre o look da festa, a viagem de férias, os matches do Tinder, as cores dos esmaltes, o próximo livro… Vivemos abarrotados sempre de algo potencialmente melhor. Daquilo que poderia ter sido e não foi.
Vivemos na era da abundância! E talvez a saída esteja no lado de dentro… de nós. Em definir melhor os critérios, ter uma triagem pessoal, limitar, adquirir menos. Dar às escolhas o seu devido valor. Por vezes, é bom escolher usar o nosso tempo para fazer outras coisas que não seja escolher.
O excesso nos farta, nos explode, nos entendia. Às vezes é na falta que nos libertamos!
Foto: Valentino Funghi