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ChatGPT é a resposta, mas qual era mesmo a pergunta?

ChatGPT é a resposta, mas qual era mesmo a pergunta

O ChatGPT surgiu como um agente transformador de produtividade

Ele facilitou a vida de muitos de nós na realização de tarefas simples, dando-nos espaço para nos preocupar com temas e atividades mais complexas e significativas. No entanto, muitas dúvidas pairam, não somente sobre a usabilidade, mas também sobre a autonomia que as IAs generativas de texto podem assumir.

Como a própria tecnologia se classifica, “ChatGPT é um modelo de linguagem baseado em Inteligência Artificial que utiliza aprendizado profundo para processar, compreender e gerar textos em linguagem natural, adaptando-se ao contexto e interagindo com usuários de forma dinâmica”.

Mas é importante ressaltar um ponto: O ChatGPT não pensa ou entende como um ser humano. Ele apenas prevê a próxima palavra ou frase com base no contexto do que foi digitado. É como o autocompletar do Google Docs ou do Whatsapp, que prevê a próxima palavra. Ele é ‘apenas’ um ótimo estatístico com uma infinidade de dados ao dispor. Ou seja, se você pergunta ao Chat quanto é 2 + 2, ele não é capaz de calcular e dar o resultado. Ele consulta na sua imensidão de dados qual é o número mais provável que representa o resultado desta conta.

“A tecnologia é a resposta, mas qual era a questão?”

Cedric Price já fazia essa provocação em 1979 e ela nunca foi tão relevante. Antes de mais nada, precisamos refletir: quais perguntas estamos fazendo?

Como acontece com toda inovação, a aceitação de uma ferramenta de Inteligência Artificial, como o ChatGPT não é unânime . E nem deve ser. Há muitos debates sobre o quão danoso pode ser atribuir às ferramentas responsabilidades que são nossas e o que ela seria capaz de fazer ‘sozinha’. Por exemplo, confiar cegamente no ChatGPT para redigir um relatório importante pode levar a erros que só um humano seria capaz de identificar.”

No trabalho, há de se considerar que as IAs generativas de texto são uma grande aliada para dar insights, tirar dúvidas e apontar direcionamentos. Mas é preciso ter cuidado para não ‘perder a mão’ e se ver completamente dependente da tecnologia. Funcionam bem em áreas que envolvem a escrita e a criatividade, mas a sua aplicação em diversos setores é ilimitada.

No contexto educacional, os desafios são ainda maiores. A partir do momento em que os estudantes podem contar com um assistente virtual baseado em IA, como ter a garantia de que eles não estão simplesmente fazendo uma cópia completa daquilo que a máquina gerou, sem qualquer tipo de reflexão ou análise?

Ao mesmo tempo em que a tecnologia é uma grande aliada na busca por conhecimento, o seu uso deliberado pode ter um efeito reverso no aprendizado.

Não defendo um uso irrestrito do ChatGPT e similares. Mas certamente, não fico no time que só vê riscos na tecnologia.

Vejo-o como um assistente virtual, à disposição 24 horas por dia, que faz com que longos processos se tornem rápidos e práticos.

Recentemente tive uma boa experiência usando o ChatGPT durante um curso de introdução à Ciência da Computação. Seja pedindo explicação, ou corrigindo os meus códigos, a ferramenta não apenas me apresentou soluções, mas foi me explicando tudo ao longo do processo.

Entendi que o grande ‘problema’ da IA generativa de texto não está na resposta, mas sim na pergunta.

A máquina só é capaz de entregar algo a partir de um comando. Por isso, o que você escreve como input deve ser elaborado de uma forma que a resposta lhe estimule e lhe desafie a chegar à solução por si mesmo.

Não coloque a culpa no Chat. A tecnologia não pensa, não toma decisões, não tem sentimentos, não é negligente, não tem medo. Ela só obedece o que você diz. E é sua responsabilidade dizer como deve ser.

No final das contas, a ferramenta reflete o comportamento de quem a utiliza — e, em última instância, da sociedade como um todo. Precisamos assumir a responsabilidade por nossas ações: o que digitamos, o que clicamos e o que esperamos obter de resposta.

Se o ChatGPT é a resposta, talvez seja hora de nos questionarmos: “Qual era mesmo a pergunta?”

Foto: Freepik

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