Fotos engraçadas de viagens, posadas de turista, de grupo de amigos… Um dia isso já esteve presente nas redes sociais.
Tínhamos uma espécie de diário online, onde guardávamos os momentos mais legais e compartilhávamos com nossos amigos.
A vida como ela é se bastava.
Não havia muito critério para o que era aprovado ou reprovado, o que era aceitável ou não por padrões estéticos.
As pessoas de verdade estavam lá. Podíamos ve-las. No aniversário, no batizado, no casamento, no almoço, na praia, onde quer que a vida estivesse acontecendo.
Hoje me pergunto ‘Para onde foram as pessoas reais?’.
Nas redes sociais vejo fotos milimetricamente planejadas, selecionadas, estilizadas, criadas para ser uma peça de uma galeria de arte, não um momento para recordar.
A imagem tem de ser perfeita. Para merecer ir para o feed tem de ser boa mesmo.
É mais uma venda de uma vida espetacular do que a doação de uma experiência que, por si só, poderia ser compartilhada, dividida.
Mesmo não tendo hoje limite de imagens, nós mesmos criamos uma censura, e limitamo-nos a usar com cautela o mosaico infinito que nos é disponível.
Quem é este tal de algoritmo que nos impede de sermos de verdade, na qualidade e na quantidade do que somos?
Quem é o algoritmo que faz a curadoria daquilo que meus amigos querem ver?
Será mesmo que estamos em boas mãos? Será que ele tem feito as melhores escolhas por nós?
As pessoas de verdade, não sei onde estão.
Falta um pouco mais de conteúdo despretensioso, fotos tremidas, vídeos sem ensaios, caretas e gargalhadas.
Falta a razão pela qual, um dia foi criada. Falta a rede, falta o social.
Falta vida de verdade.
Foto: Austin Distel, Unsplash